quarta-feira, 22 de junho de 2016

O fim do mundo

O bagulho tá feio.
Frio rachante e mortes nas ruas
Desemprego forte na perifa                
Refugiados perdidos por aí
Petróleo valendo mais que vidas
Medicamentos a preço de petróleo
Bicudos roubando merenda
Vermelhos deslumbrados com o poder
Crentes que não amam o próximo.
     
[Guerra civil quem já viu? Tá pra todo lado]

Meninos e adultos perdidos 
Ouvindo sim quando meninas e mulheres dizem sonoros NÃO! NÃO! NÃO!!!

E nos Jardins (onde se refugia a nata de Sampa)?
As barcas importadas tão todas lá 
Desfilando, poluindo o mundo
Porque a tal CRISE nunca chega lá.

E nóis respirando tudo isso.
Quase pirando, mas tudo aceitando 
Calados como cordeiros santos.

Tá foda. 
Por isso, cola aí:   
Um fora para toda essa #TEMERidade

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A solidão que nos assola

Ela sempre era encontrada pelas ruas do centro

Quase sempre acompanhada das amigas
Sorrisos largos e por vezes escandalosos
Companheirismo sem igual

Um dia ela marcou uma festa de aniversário
Muitos foram os convidados

E lá foram eles para a festa
A encontraram sozinha
Pois seus amigos não compareceram

O bolo estava ótimo
E Sharon, nome oficial José da Silva Bastos
Ao ser abraçada chorou e agradeceu


[Baseado livremente em uma história real vivida por integrantes de um projeto social patrocinado por igrejas realmente cristãs em São Paulo]

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A CULTURA CONTRA O RACISMO


Em um texto inspirado, o professor Teixeira Coelho fala sobre racismo e cultura. Ele cita Obama e um hino evangélico muito tradicional. 

Eu aproveito e coloco uma das maiores cantoras negras no bojo, a partir de uma lembrança feita em artigo do Boulos do MTST. 

Agora há pouco, no Jornal da Record News, o Augusto Cury falou contra o excesso de capitalismo, do culto a celebridades e da tendência do ser humano a excluir seus iguais.

Ou seja, não importa se você é um professor de idéias controvertidas, nem se é um esquerdista extremo, ou mesmo o presidente do famigerado império americano e até um filósofo-psicólogo de massa. Também não importa se canta um hino religioso ou uma canção secular.

TODOS que ainda pensamos não somente em nós mesmos, temos que nos unir no que é essencial e combater preconceitos, violências e todo tipo de corrupção humana em busca da igualdade e felicidade de todos. 

É um longo caminho, mas o único caminho desta terra não se tornar um inferno ainda maior.

Segue o texto e a canção da Nina Simone (canção feita após um daqueles ataques contra negros décadas atrás, mas que se repetiu e se repete por estes dias).


Meus caros,
creio que pensaram estar fora de meu alcance uma vez encerrado o quinto módulo -- mas, engano:
volto hoje para pôr em relevo como a cultura de repente irrompe nos lugares menos esperados, ela que deveria ser sempre esperada e procurada ali onde não está: e para mostrar como ela tem o poder incomum de fazer o que tem de ser feito, de dizer o que tem de ser dito e que nenhum discurso  político ou filosófico pode dizer:
há pouco houve esse massacre numa igreja do sul dos EUA, exatamente no coraçao de um sul escravagista e no centro de um lugar de  culto consagrado da comunidade negra ainda hoje ali perseguida ou em todo caso mal assimilada: no santuário da Igreja Emanuel A.M.E. o presidente Barack Obama foi à igreja levar a palavra do presidente dos EUA, ele que é presidente dos EUA e negro: tinha de fazer isso. Parte do que ele disse foi isto: "Esta bandeira [a dos Confederados, que ainda flutuava nos espaços públicos da cidade a insurgir-se contra a derrota diante do Norte] sempre representou mais do que apenas um orgulho ancestral. Para muitos, pretos e brancos, era uma lembrança da opressão sistêmica e da opressão racial. Isso fica bem claro hoje. Tirar a bandeira do capitólio deste estado nao seria um ato politicamente correto, seria apenas o reconhecimento de que a causa pela qual o Sul lutou era a causa errada." E assim que disse isso, Obama ficou em silêncio.Parecia ter perdido o rumo. E então, num momento notável, pôs-se a cantar "Amazing Grace", um hino que é um lamento, uma oração e uma esperança, escrito por um negociante de escravos que se tornou abolicionista... Procurem pela letra na internet.
Não me lembro agora de outro presidente da república, qualquer que seja sua cor política e a cor de sua pele -- pode ter havido mas não me lembro--  que, num discurso público, tenha abandonado as palavras para começar a dizer uma poesia cantada. Também a cultura tem momentos altos em sua história. Talvez com cultura os humanos tornem-se mais humanos.
                                                                            t.c., julho 2015




domingo, 17 de agosto de 2014

Caminhada

Na Avenida Politécnica

Há a ciclovia da solidão

Onde vive um mendigo com seu cão.

Ele é alimentado por um jovem casal de corredores

E logo adiante está o velho casal

Que vasculha o lixo dos prédios de 30 andares.
Levando latinhas e papelão
Talvez sejam moradores do final da Avenida Frias e Vasconcelos
Onde escondido está um grande vielão.
E na Avenida Jaguaré, o que há?
Há uma casinha envolta de edifícios-garagem
Seu muro tem uma bela pintura e grafites
Enquanto nos condomínios só há paredes brancas quase cinzas escondidas atrás dos mil e um carros.
Eu moro no edifício cinza atrás dos muros sujos e sem arte alguma.
Ao menos eu tento pintar aqui com palavras.....


terça-feira, 3 de junho de 2014

Colecionadores

O Sérgio Vaz coleciona pedras

Os mais ricos, colecionam carros, iates

e até mulheres...


Em tempos de Copa do Mundo

muitos colecionam figurinhas dos jogadores

(alguns descaradamente e outros escondidinhos)


Eu já colecionei selos e até outro dia

colecionava marcadores de páginas

Mas o que sempre colecionei muito bem

foram as decepções amorosas.



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Templo do livro em xeque

Discussões iniciais sobre o artigo "Templo do livro, modelo em xeque" (http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,templo-do-livro-modelo-em-xeque,1000324,0.htm)

  • Ricardo, esse seu diagnóstico é similar ao meu. 
    O grande problema é que nem nós profissionais temos dado a devida atenção ou discutido suficiente as questões ligadas à mediação. Deixamos essa discussão para os professores e educadores, e nos contentamos com atividades que passamos a considerar como mediação, apesar de serem apenas um ponto entre as várias atividades mediativas: as atividades culturais, como rodas de leitura, contação de histórias, oficinas, cursos, e uma gama enorme de atividades hoje desenvolvidas nas bibliotecas públicas que consegue fazê-las, pois sabemos que muitas são, infelizmente, apenas repositórios de acervo velho (sim, é verdade ainda. conheço algumas bibliotecas públicas assim ainda).
    O que é deixado de lado são coisas como o próprio Serviço de Referência. Ele foi relegado nas Bibliotecas Públicas. Só vejo na literatura brasileira falar sobre isso em Bibliotecas universitárias, por exemplo.
    Além da falta de discutir o serviço de referência, pouco se fala sobre o que os americanos chamam de Reader's Advisory, que nada mais é que o serviço de indicações de leitura pelos profissionais. Coisas que aparentemente tem a ver com as políticas de desenvolvimento de coleções, políticas que alias, são impostas nas Bibliotecas Públicas: seja pelo bibliotecário chefe ou pela total falta de recursos orçamentários para aquisição de livros (infelizmente, esses programas de compras de livros sempre vem com tudo escolhido, sem levar em consideração à comunidade de cada biblioteca).
    Outra questão é: quem está mediando o acervo e o acesso à informação nas bibliotecas? Infelizmente, eu particularmente acho que há poucos bibliotecários no atendimento ao público. Por motivos vários que aqui não dá para elencar, há falta desse profissional à frente. À presença do profissional à frente faz a diferença! E muita, pois temos as técnicas para melhor buscar a informação, algo que até o mais bem treinado auxiliar ou outro profissional de nível superior não tem à disposição. Mas ficamos pelos gabinetes ou fazendo memorandos pedindo manutenção de banheiros, etc, etc.
    Vale lembrar que o que exponho não acontece em todo lugar. Um exemplo de coisa diferente aconteceu aqui na prefeitura de SP, e eu participei, na gestão da Marta, onde foram realizados diversos cursos de mediação: mediação de leitura adulta, infantil, mediação de obras de referência, mediação de contos, de poesia, de crônicas. Foi sensacional! Pena que o governo acabou, faltava pessoal, e tudo, aos poucos, foi voltando ao normal (anormal) nos últimos anos.... 
    Vixe, me empolguei!
  • Alexandre Nogueira Paixão Algumas discussões, que acabam criando certas tendências sempre me preocupam. A primeira delas é quando elementos agrupados de forma didática, que servem apenas para facilitar a compreensão, acabam por se converter em um instrumento que deforma e reduz a complexidade de uma situação. A matéria acima reproduz isso de forma "didática": Facilitar o acesso aos livros seria o primeiro objetivo a ser alcançado no Brasil; a saber, construir espaços como forma de democratizar e despertar o interesse pela leitura. A orientação da matéria vai toda por aí; bibliotecas modernas são capazes de formar leitores? Um dos depoimentos insinua que sim; o indivíduo acima de tudo. Então, depois de construirmos espaços modernos e bibliotecas por todo o Brasil; somente aí que deveremos nos preocupar com a tal da mediação? Claro que não, pois espaços "modernos" devem ter auditório, computadores, ops, e-readers ou sei lá o que... Tudo isso é importante sim, mas e o exercício da dimensão coletiva e colaborativa da leitura? A tal da mediação já está pensada na construção do espaço, ou não? Até que ponto facilitar e democratizar o acesso ao livro não é produto de uma concepção bastante específica de mediação?
  • Alexandre Nogueira Paixão Apertei o botão errado: Na minha opinião, não é a falta de discussão e dar a devida importância à mediação... mas sim discutir qual a filiação ideológica que devemos orientar este conceito ainda nebuloso e, portanto, qual é a função, a importância do espaço neste conceito e qual o papel do Estado nesta questão... e dos profissionais também, claro
  • Ricardo Queiroz Pinheiro Destaco dois pontos em comum nos comentários do William Okubo e do Alexandre Nogueira Paixão : a percepção da falta de uma clareza por parte dos profissionais envolvidos na formação de leitores (ao menos supostamente) do que é mediação de leitura e a distorção sobre a importância de fatores meio como equipamento tecnológico e estrutura física de prédios no que se refere ao serviço fim: a formação de leitores. Não cabe aqui a interpretação distorcida de que uma boa estrutura e bons equipamentos nao sao importantes, o que se deve ressaltar é que tudo isso deve estar integrado a uma política bem definida para a mediação de leitura. Deixo a pergunta como seria esta mediação? Ou melhor dizendo estas mediações?
  • Eraldo Ramos Vida de pais colonizado, capitalismo tardio, depedente, etc, etc, é fogo, quando um ciclo está se encerrando por lá, por aqui mal começamos, e já temos que dá um salto, pra onde? Nem temos a Biblioteca Classica, e já temos que construi uma que não sabemos qual é, mas vamos lá , né !
  • Dalva Franceschetti Nossa Eraldo, era o que eu iria comentar. Exatamente o que penso.
  • William Okubo Respondendo sua pergunta, Ricardo, creio que esta mediação deveria se basear nos conhecimentos vários existentes: mediação de leitura literária, mediação da informação em geral (responder perguntas do tipo: aonde nasceu o astronauta brasileiro? qual o número de habitantes desta cidade? quem foi o cara que deu nome a essa rua? quais alimentos indicados para quem está com colesterol alto? etc). 
    Ou seja, deveríamos nos preocupar em colocar o acervo para atender as demandas das pessoas. Isso inclusive vai nos mostrar se o acervo é relevante ou não.
    Há tanta coisa para mediar.... mediar Música ou Filmes é algo divertido que vejo que não acontece, no máximo, a pessoa gosta do filme de Pernas pro ar, e perdemos a chance de indicar uma comédia erótica de nível um pouco melhor, ou igual mesmo que seja.... nem isso fazemos direito.
    Bah... viajei, meus caros!
  • Ricardo Queiroz Pinheiro O poeta Sérgio Mitre e outro que poderia contribuir, quem mais?
    Terça às 10:08 via celular · Curtir · 1
  • Sérgio Mitre Agradecido pela lembrança, penso que as bibliotecas devem oferecer sim uma mediação mais interessante, sobretudo aos pequenos e potenciais leitores (mas não só a eles). Na biblioteca pública aqui em BH, que frequento muito, a infanto-juvenil faz todo sábado a hora do conto e leitura, onde há contação de histórias e/ou leitura conjunta, o que torna o ato de ler uma diversão. Um pai me contou certa vez q o filho dele pediu pra ir à biblioteca no sábado de manhã - ou seja, é tão divertido pra ele qto ir ao parque e/ou ao shopping (UFA)...
  • Sérgio Mitre Trabalho muito em bibliotecas e penso que elas são realmente "orgânicas", pois refletem uma realidade cultural e educacional da cidade, do contexto ou do ambiente onde estão inseridas. As bibliotecas ganhariam muito se integrassem as noções da nova museologia, por exemplo, onde o grande valor para a instituição é o público, suas demandas e desejos, muito mais que as peças em exposição - no caso das bibliotecas, essa integração entre espaço, leitura e conhecimento (e diversão tb, pq não?) é mais importante que os próprios livros ou o número de coleções.
  • Joaci Pereira Furtado Ao meu ver, a única saída para o impasse que as novas tecnologias impõem ao futuro das bibliotecas -- e, por consequência, à profissão de bibliotecário -- é exatamente a mediação cultural, tema que tanto inquieta o nosso amigo Ricardo Queiroz Pinheiro. Mas ela deve ser bastante pensada para não cairmos na ilusão de que basta um bibliotecário descolado, "divertido", jovial, "antenado", que se servirá de mil penduricalhos para atrair leitores. Mais que mediador, talvez ele possa ser um agente ou promotor cultural, já que mediação pressupõe atitude passiva, de elo, de vínculo, de ponte, de passagem, enfim, de meio. A leitura pode ser um fim em si mesmo, não? E o bibliotecário pode ser um educador, nesse sentido, demonstrando que não há necessariamente finalidades pragmáticas no deleite da leitura (seja que em suporte for, material ou virtual, escrito, pictográfico, audiovisual...). O que justifica o prazer se não ele mesmo? Daí a importância da formação teórica desse profissional, o que deve incluir bastante filosofia (da ciência), história, teoria da literatura, pedagogia, sociologia e antropologia, além de conhecer bem o intricado funcionamento das políticas públicas para a cultura.
  • Sérgio Mitre Na museologia diz-se que não se trata de história mas, sim, de antropologia histórica. Neste cso acima, pode-se pensar numa antropologia literária...?
  • Alexandre Nogueira Paixão Eraldo Ramos colocou uma questão que a tal matéria acaba pro reproduzir: Primeiro que estamos destinados ao atraso com relação aos acontecimentos nos países centrais; agravando isto temos o discurso da globalização, que torna o mundo menor e com efeito...Veja mais
  • Joaci Pereira Furtado Sérgio Mitre, não entendi bem a questão sobre "antropologia histórica" e "literária". Quanto à "mediação", penso apenas que é preciso tomar cuidado com as palavras porque elas implicam certos significados -- e o risco de inadvertidamente aderirmos a el...Veja mais
  • Eraldo Ramos Vez em quando me vem algumas pertubações à mente. Agora mesmo comecei a pensar como seria uma Biblioteca Pública com o minimo que de modernização( com todas as incertezas desse conceiro) funcionando dentro de um shopping.
  • Ricardo Queiroz Pinheiro Joaci Pereira Furtado toca numa questão fundamental: a escola. E assim volto a um ponto recorrente nas discussões sobre política cultural, a relação com a área de educação. Num mundo ideal as áreas cultura e educacional se complementariam e se relacionariam, inclusive considerando as tensões, de uma maneira ao menos objetiva, a realidade é outra. Tanto do ponto de vista da gestão, como da concepção, educação e cultura vivem em constante atrito. Esta incapacidade de adentrar e tentar entender o universo do "outro" cria uma rivalidade entre as áreas. Algumas iniciativas conseguem ultrapassar esta barreira e aponta caminhos para construção do "leitor". O assustador termo "construçao" cabe até por conta desse conflito permanente, acaba sendo um avanço.