quinta-feira, 16 de julho de 2015

A CULTURA CONTRA O RACISMO


Em um texto inspirado, o professor Teixeira Coelho fala sobre racismo e cultura. Ele cita Obama e um hino evangélico muito tradicional. 

Eu aproveito e coloco uma das maiores cantoras negras no bojo, a partir de uma lembrança feita em artigo do Boulos do MTST. 

Agora há pouco, no Jornal da Record News, o Augusto Cury falou contra o excesso de capitalismo, do culto a celebridades e da tendência do ser humano a excluir seus iguais.

Ou seja, não importa se você é um professor de idéias controvertidas, nem se é um esquerdista extremo, ou mesmo o presidente do famigerado império americano e até um filósofo-psicólogo de massa. Também não importa se canta um hino religioso ou uma canção secular.

TODOS que ainda pensamos não somente em nós mesmos, temos que nos unir no que é essencial e combater preconceitos, violências e todo tipo de corrupção humana em busca da igualdade e felicidade de todos. 

É um longo caminho, mas o único caminho desta terra não se tornar um inferno ainda maior.

Segue o texto e a canção da Nina Simone (canção feita após um daqueles ataques contra negros décadas atrás, mas que se repetiu e se repete por estes dias).


Meus caros,
creio que pensaram estar fora de meu alcance uma vez encerrado o quinto módulo -- mas, engano:
volto hoje para pôr em relevo como a cultura de repente irrompe nos lugares menos esperados, ela que deveria ser sempre esperada e procurada ali onde não está: e para mostrar como ela tem o poder incomum de fazer o que tem de ser feito, de dizer o que tem de ser dito e que nenhum discurso  político ou filosófico pode dizer:
há pouco houve esse massacre numa igreja do sul dos EUA, exatamente no coraçao de um sul escravagista e no centro de um lugar de  culto consagrado da comunidade negra ainda hoje ali perseguida ou em todo caso mal assimilada: no santuário da Igreja Emanuel A.M.E. o presidente Barack Obama foi à igreja levar a palavra do presidente dos EUA, ele que é presidente dos EUA e negro: tinha de fazer isso. Parte do que ele disse foi isto: "Esta bandeira [a dos Confederados, que ainda flutuava nos espaços públicos da cidade a insurgir-se contra a derrota diante do Norte] sempre representou mais do que apenas um orgulho ancestral. Para muitos, pretos e brancos, era uma lembrança da opressão sistêmica e da opressão racial. Isso fica bem claro hoje. Tirar a bandeira do capitólio deste estado nao seria um ato politicamente correto, seria apenas o reconhecimento de que a causa pela qual o Sul lutou era a causa errada." E assim que disse isso, Obama ficou em silêncio.Parecia ter perdido o rumo. E então, num momento notável, pôs-se a cantar "Amazing Grace", um hino que é um lamento, uma oração e uma esperança, escrito por um negociante de escravos que se tornou abolicionista... Procurem pela letra na internet.
Não me lembro agora de outro presidente da república, qualquer que seja sua cor política e a cor de sua pele -- pode ter havido mas não me lembro--  que, num discurso público, tenha abandonado as palavras para começar a dizer uma poesia cantada. Também a cultura tem momentos altos em sua história. Talvez com cultura os humanos tornem-se mais humanos.
                                                                            t.c., julho 2015




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